Na última sexta-feira, o dólar continuou enfrentando dificuldades em pares com ativos de risco, já que os compradores não ficaram muito convencidos com as declarações feitas por representantes da Reserva Federal dos EUA.

De acordo com declarações da presidente do Federal Reserve de Cleveland, Beth Hammack, fica claro que ela prefere uma política monetária um pouco mais restritiva, para exercer pressão adicional sobre a inflação, que ainda permanece elevada. "No momento, nossa política está próxima do nível neutro", afirmou Hammack na sexta-feira, durante um evento em Cincinnati. "Eu preferiria adotar uma postura ligeiramente mais restritiva para continuar pressionando o componente inflacionário do mandato do banco central", acrescentou.

Apesar desse tom mais duro, o mercado parece já ter precificado uma parte relevante da mudança esperada na política monetária. Os investidores avaliam os riscos de um aperto excessivamente agressivo e tendem a acreditar que o Fed poderá ser forçado a voltar a afrouxar sua postura nos próximos meses — algo que se reflete na fraqueza do dólar americano. Esse ceticismo em relação à retórica hawkish do Fed é reforçado por dados recentes que apontam sinais de deterioração no mercado de trabalho. Diante desse contexto, as declarações de Hammack pareceram menos convincentes para os participantes do mercado, o que ajuda a explicar a reação limitada nas taxas de câmbio.

Vale lembrar que, na semana passada, o Fed promoveu o terceiro corte consecutivo nas taxas de juros, apesar da oposição de parte dos presidentes dos bancos regionais. Dois dirigentes, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, e o presidente do Fed de Kansas City, Jeff Schmid, manifestaram formalmente discordância da decisão, defendendo a manutenção das taxas inalteradas. Além disso, seis membros do Conselho de Governadores divulgaram projeções preliminares indicando resistência a novos cortes.

Hammack não possui direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, mas passará a votar em 2026. Questionada sobre seu posicionamento em relação ao corte mais recente, evitou uma resposta direta, afirmando apenas que se trata de uma decisão complexa, já que os dirigentes enfrentam pressões tanto internas ao mandato quanto por parte dos agentes afetados pelas decisões.

No mês passado, a presidente do Fed de Cleveland também alertou que reduções nas taxas poderiam prolongar o período em que a inflação permanece acima da meta. Na ocasião, ela declarou oposição ao corte de outubro e disse não enxergar uma justificativa sólida para uma redução em dezembro.

Hammack acrescentou ainda que aguarda com expectativa a divulgação de dados-chave sobre inflação e emprego, que devem ajudar a esclarecer a trajetória da economia. Cabe lembrar que a publicação desses indicadores foi adiada em razão da paralisação do governo federal.

Do ponto de vista técnico, os compradores do EUR/USD precisam agora conquistar o nível de 1,1750. Somente acima dessa marca será possível mirar um teste em 1,1780. A partir daí, o par poderia avançar em direção a 1,1820, embora um movimento dessa magnitude sem o apoio de grandes players seja bastante difícil. O alvo mais distante permanece no topo em 1,1855. Em caso de correção, espero uma atuação mais consistente de compradores apenas na região de 1,1715. Se esse nível não segurar, o cenário passa a indicar um novo teste do fundo em 1,1685, com possibilidade de entradas compradas mais abaixo, em torno de 1,1650.

No GBP/USD, os compradores da libra precisam superar a resistência imediata em 1,3375. Apenas acima desse nível será possível buscar 1,3405, zona que tende a oferecer forte resistência. O alvo mais distante está em 1,3434. Em um cenário de queda, os vendedores tentarão assumir o controle na faixa de 1,3340. Um rompimento abaixo desse patamar representaria um golpe significativo para os touros e poderia empurrar o par para 1,3320, com risco adicional de extensão até 1,3285.